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Minha vó Adelina, sempre me alertou que tinhamos que medir aqueles com quem mantinhamos relacionamentos. Sua frase era enfática. Diz-me com quem andas e eu te direi que és! E eu me lembro que ao começar no futebol de praia, no juvenil do Tatuis - time da praia do Castelinho - tinha uma zaga formada à minha frente, por quatro moradores do morro do Pavãozinho. Tinha amizade a eles. Mas quiz o destino que nenhum deles houvesse completado a maior idade, vitimas que foram do entorno que era a sua comunidade.
A proximidade e principalmente a intimidade de Sergio Cabral, tanto para com a alma mais honesta deste pais, como para o poste que esta alma inventou e colocou no poder após a sua saida, era mais do que um prenúncio que um dia uma conta muito cara teríamos que pagar. A conta chegou. Sergio Cabral parece ter uma bilionária culpa no cartório, o percentual recorde de pessoas desempregadas no Brasil , apenas aquela que ainda procuram empregos - chegou a 12% e o Rio de Janeiro é uma Cidade Maravilhosa, porém, falida.
Por isto, tenha muito cuidade, principalmente com aquele que aponta um dedo em sua direção e tenta lhe afagar o ego. São os mais perigosos, pois, o cordão dos puxa sacos, é uma instituição sólida e milenar. Que o diga Cristo, de sua chegada em cena em Jerusalém e de sua nefasta partida.
Temos por obrigação, estarmos sempre alerta para mudanças. Elas são necessárias. Aqui mesmo escrevi que sou da época do rádio e que a comunicação entre pessoas distantes era feita por carta ou telegrafo. Perguntem a um jovem de 15 anos, se ele já escreveu uma carta sequer e se sabe o que significa a palavra telegrafo?
Lembro-me da empregada na casa de meus pais, aperecer espavorida na sala, dizendo que aquela máquina nova que estava no escritório, estava cuspindo papel! Era o xerox. Outro dia, queria passar uma informação para um jovem proprietario e perguntei qual o número de seu xeróx, e ele respondeu que não tinha xeróx. Tive que escanear a informação e lhe mandar por email.
Assim sendo você tem que se amoldar as mudanças de seu entorno, mas sempre tendo o cuidado de não deixar que este entorno o prejudique. A lava Jato tirou gente do mercado de cavalos de corridas brasileiro e creio que isto é apenas o começo. O que conhecemos me foi passado ser apenas a ponta do iceberg. Mas como aqui já me reportei em várias oportunidades, em um turfe que vive graças a gente que um dia será perseguida pela Lava Jato, não merece sobreviver.
Não quero julgar ninguém. Apenas sou de uma época que como dizia meu pai, sua herança era seu nome. Logo deveria-se zelar bastante por ele. Hoje este conceito é falho. Existem muitos "fatos alternativos" que provam isto, diariamente, principalmente no âmbito politico. E de qualquer pais. Isto não é apenas uma primazia brasileira. Apenas que no Brasil, perdeu-se aquilo que meu pai dizia que tratar-se de vergonha na cara.
São estes pontos que não deveriamos deixar afetar nosso discernimento sobre o que são corridas de cavalos. Sua importancia e as responsabilidades inseridas nas mesmas. O que se passa em Cidade Jardim hoje, talvez seja um reflexo do mesmo que vem acontecendo na cidade do Rio de Janeiro. Muita gente apontando, mas na verdade se locupletando. Administrações sinistras e um desapego a aquilo que um dia foi importante, como a carta, o rádio e o telegrafo.
Isto não é saudosismo. Apenas reconhecimento. Recentemente descobri, que mesmo aquelas novas instituições, que entram no turfe, não tem o minimo apreço por herança e tradição. Tratam o turfe com excesso de imediatismo. São crianças querendo sobreviver no mundo dos homens, e acreditando que o dinheiro tem respostas a todas as perguntas. O turfe não é um brinquedo ou uma forma de afirmação pessoal. Se assim fosse, Sheikh Maktoun ganharia todas as carreiras.
Se olha para frente, pois, atrás sempre virá gente. Outrossim, há de se respeitar aquilo que um dia foi importante. Sejam, os garfos de Cidade Jardim, seja a história erigida por gente que já se foi, mas que espero que nunca seja esquecida. Isto era conhecido pelas antigas civilizações, como herança.
Cabe a nós, tentar mudar o turfe brasileiro, e pelo menos trazê-lo de volta na importância que um dia teve. Não tomem isto como um desabafo, embora ele o seja. Vejam como um alerta, pois, se a coisa está hoje preta, pode ainda se tornar pior.
