Gran Cru
Quem assitiu a Corinthians e Palmeiras, deve ter pensado em desistir do futebol brasileiro. Ai, uma semana depois vem um Grenal, que para mim, mais pareceu um embate do MMA. Mas graças a Deus, Fla-Flu, um clássico que foi criado antes da criação do mundo, segundo Nelson Rodrigues, foi aquilo que me fez amar o futebol. Futebol solto, corrido e acima de tudo leal. O primeiro cartão amarelo pintou com seis minutos do segundo tempo, quando o jogo já estava 3x2 para o Fluminense. E faltas? Poucas. Desleais? Nenhuma. E o Fluminense ganhou nos penaltys, de uma meneira justa pois, foi o time que apresentou o melhor futebol.
E o que é a Taça Guanabara? Exatamente nada! Não lhe garante sequer ir final. O que engradece ainda mais as duas equipes que pareciam estar disputando a final de uma Copa do Mundo. Por isto, o Rio de Janeiro ainda um estado com duas torcidas.
Só no Rio de Janeiro e em Minas, classicos desta magnitude são jogados com esta mesma propriedade. Bola para frente e vontade de golear. Em São paulo, apenas o São Paulo do Ceni e o Santos do ano passado, tem esta vontade nítida de jogar futebol. O restante fica na pancadaria e retranca. No turfe esta vontade de vencer, mas de maneira leal e positiva, fazem desta atividade algo especial.
Assisti a duas carreiras este fim de semana, de elementos ao qual sou - ou fui - profissionalmente atrelado, por te-los selecionados, que me fizeram mais uma vez reciclar-me. Isto é que é a grande força do turfe. O faz ter motivação depois de mais um vitória. A estréia de Gran Cru e a volta depois de mais de ano de Gladiador Acteon, me fizeram vibrar. O primeiro que selecionei, e o segundo que teve a sua mãe e seu cruzamento idealizado por mim. Não sãos meus. Para um dos grupos nem mais presto serviços, mas a gente sabe o trabalho que é, selecionar. Seja um potro, seja uma reprodutora ou até um cruzamento. E depois convencer a alguém que aquele cavalo será um cavalo de corrida, é outra pedrada.
No dia 25 de janeiro, deste ano, escrevi uma nota sobre Gran Cru, em que afirmei ter sido ele, um dos potros que mais me agradaram da geração. Era um filho de First American do haras Sta. Rita da Serra. Nunca o fotografei, como normalmente faço, pois, ele sempre se mostrou atrasado. E uma má fotografia, veta uma venda. O acompanhei por um ano e em três visitas, ele me convenceu que deveria ser comprado. Finalmente ele foi adquirido por minha indicação.
Tem o tipo tardio e de fundo, mas como todo cavalo bom, corre quando a ele é pedido alguma coisa. E nas mãos do Beto Solanês, se houver classe, esta será demonstrada. E não sei porque ele não correu, só voltando a ser inscrito mais de um mes depois.
Ganhar o perdedor no Rio de Janeiro, aos dois anos, não é fácil. existe muita competitividade. Logo, sua estréia vitoriosa e mais importante que isto, a forma como foi conseguida esta vitória, me levam a crer que eu e o Toninho do Sta. Rita não estavamos enganados. Pois, ele sempre foi o nosso favorito.
Tenho minhas manias. Não gosto de mães de idade avançada, principalmente aquelas, que já produziram ganhadores de grupo no inicio de sua carreira e depois nada do mesmo calibre. Mas exceções são feitas para animais justamente como eles, que mesmo passando a desaoercebido por muitos, exalam uma classe imensa. Selecionei também English Major - que creio ser força para a segunda prova da triplice coroa - e antes de adquiri-lo levei um dos mais afamados treinadores para ve-lo, e ele - o cavalo - não encheu os olhos do profissional.
Selecionar um cavalo de corrida, é uma coisa pessoal. Cada um tem a sua forma e por isto tanto Gladiador como Gran Cru me emocionaram ganhando carreiras sem a menor importância. Mas ficaria igualmente emocionado, se o Flamengo tivesse ganho o jogo, num turno que não representa absolutamente nada.
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