Fronteira Around e Jolie Mabi
Nunca tive pelas provas de dois anos, o mesmo respeito que tenho no Brasil, pelas quatro principais provas de grupo em 2,400 metros. O turfe brasileiro foi montado e se desenvolveu neste sentido. Temos um modelo e porque não dizer um perfil aptitudinal. Este perfil nos faz crer que o cavalo da milha e meia é aquele que tem mais classe. Errado? Certo? Em cada cabeça uma sentença. Mas ano passado vibrei com as corridas de um por mim selecionado, English Major e seu championship. E tudo mudou. Pelo menos em minha cabeça.
Para vocês terem uma idéia eu e o Antonio Claudio Assumpção criamos, - sem querer - a maior égua da história das pencas, dito por aqueles que entendem esta forma de corridas. Cat's Night, também conhecida pela alcunha de Preta do Mangueirão. E não virei um penqueiro. Muito menos ele. Mas passei a respeitar mais a atividade e quando, anos depois, coividado que fui pelo Dr. Adriano a dar uma palestra em Carazinho, confesso que extasiei-me com o que vi. Um sistema organizado, cavalos lindíssimos e muita coisa que os promotores de corridas de nossos principais dois hipódromos oficiais, poderiam aprender, se tivessem a humildade para tal.
Pelo menos um dos três pode não ganhar. Mas se os outros dois ganharem, passam a ser 100% e aí eu pergunto? Quem refuta 100%? A exceção do senhor LuiZ, acredito que ninguém.
O que eu quero dizer é simples. A gente gosta daquilo que nos apetece. Quando você seleciona algo, e vê este algo disputando alguma liderança, seja ela qual for, isto massageia com seu ego. Enobrece seu trabalho. Seja o Grande Prêmio Brasil, seja o Adayr Eiras de Araujo, ganhar é sempre bom para burro! Só menospreza isto, quem não ganha...
Num turfe deficitário como o brasileiro, precocidade se tornou importante. Nos Estados Unidos, precocidade é importante porque existem provas milionárias e muita gente interessada na aquisição de um elemento que possa representa-lo no Kentucky Derby. E porque no Brasil, se tornou importante? Porque na verdade, parte do resarcimento do investimento, possa vir mais rápido. E quem sabe, uma exportação prematura? Na Europa, esta precocidade não parece ser explorada convenientemente. Basta se notar o número exiguo de provas, disputadas na Inglaterra e na França, aqui já publicadas.
Seleciono cavalos que na minha opinião podem ser clásscos da milha para cima. mas quando um cavalo é diferenciado, ele na maioria das vezes, se mostra antes da hora que você espera. Zenabre ganhou de Egoísmo em um maiden para 2 anos. O primeiro ganhou dois Brasis e o segundo o Cruzeiro do Sul. É um sonho? Concordo que sim. Mas uma coisa aprendi: matungo não ganha em idade e distâcia alguma, logo o que seria errado de um cavalo que voce acredita que vai correr o derby, triunfar numa prova de 2 anos? Não vejo problema algum. Aliás, vejo até vantagens...