Hip\odromo de Cidade Jardim
Cristina minha esposa faz Yoga, e não é de hoje. Ela sempre comenta que uma das frases que marcam o Yoga, é aquela que pede por sua serenidade, principalmente nos momentos mais dificeis: Sente e Espere.
Maravilha, só que não sou monge budista e para dizer a verdade, eu estou a muito tempo sentado vendo o turfe, e cansado de esperar por sua melhora. O turfe brasileiro me lembra muito bem aquele Brasil que me era apresentado no primário, como sendo o Brasil do futuro.
Eu vejo o futuro repetir o passado. Gostaria que esta frase fosse minha, mas infelizmente o Cazuza, a publiquou antes, Paciência. Mas vou mais longe, repetindo George Santayana, aquele que foi plagiado por Cazuza: aqueles que não aprendem com o passado estão condenados a repeti-los.
Tentarei ser objetivamento correto. Alguns dos diretores de nossos dois principais hipódomos, continuam em seu paranóico e inibitivo, pensamento de culpar a situação financeira do país, como a cloaca de todos os nossos problemas. Não só responsável por tudo de mal que acontece, do fraco publico, a falta de renovação de proprietarios, como também o baixo movimento de apostas. E simplesmente esquecem que eles como gestores não assumiram suas responsabilidades obrigados. Quiseram fazer o que atualmente fazem. E entre as suas responsabilidades, está a de tentar virar a mesa. Trocando em miudos, é arregaçar as mangas e provar que estão no lugar certo. A minha responsabilidade é criticar. A deles de fazer as coisas acontecerem.
O que está acontecendo? Pergunto eu. Um cataclisma mental? Uma promessa de abolição ao cavalo de corrida? Sei que num pais dominado 13 anos pelo PT, os valores decressem, assim como a honestidade e a vontade de participar de qualquer coisa que seja. Mas vamos lá, esta é uma indistria centenária, que funciona bem em 99% dos paises em que figura. Inclusive na Argentina, que até que me possam provar ao contrário, não está nadando num mar de almirante. Porque não no Brasil? Praga de prostituta? Trabalho de encruzilhada?
Pois bem, meus queridos amigos e inimigos, digo que algo tem que ser feito. Não considero o turfe brasileiro em estado terminal, mas alerto para o fato que ele está sob intensivos cuidados, a começar de nosso centro criatório. Do jeito como as coisas estão se direcionando, poucos serão os haras a produzir cavalos a serem vendidos, publicamente. Eu nem me refiro se bons ou maus. Eu disse a serem vendidos. Com menos de 2,000 cavalos produzidos e sendo grande parte deles, reservados, o que há de se esperar? Em contraposição a este fato, 15 cavalos, destes quase 2,000 são bem vendidos, 50 por razoáveis preços e o restante é um pega para capar. Uma salve-se quem puder. A pergunta que não é calar. O problema não é, necessariamente, a qualidade da oferta e sim a fraqueza da demanda. Se não são os uruguaios, estariamos em situação ainda pior. Um haras não poderá dispensar um contacto sequer. Agora, mais do que nunca, as conexões serão a cereja do bolo.
Hipodromo da Gávea
Sei que feio, também ganha corrida importante, mas seu percentual é muito inferior aos dos bonitos e reservados. E eu diria que dos 700 que examino, não chegam a 30 o número de bonitos vendaveis a serem distribuidos pelo mercado. Dentro de meu crivo em pedigrees, a coisa cai para algo por volta dos 10.
Há de se mudar, ou afundar. Desculpem, aos que assim não concordam, mas me recuso a acreditar que estamos novamente naquele estágio do meio do século passado, onde a criação de qualidade, era para consumo próprio, e a familia A ganhava da B. A familia B da C. E a familia C da A. O que para mim não passava de uma troca de figurinhas.
Já disse e repito. Turfe não é hobby e muito menos troca de figurinhas. Turfe, é coisa séria, pois, cria a possibilidade de sustento de milhares de familias. Inclusive a minha. Mas do jeito que a coisa está se encaminhando, a extinção não estaria fora de proposito e Cidade Jardim virar um parcão e Gávea no mais importante desenvolvimento imobiliário do Rio de Janeiro. Talvez um shopping center esteja a menos de um passo.
Se necessário for, devemos acabar com as nossas vilas hipicas e translada-las para outros lugares. Fazer projetos imobiliários em substituições dos mesmos. Afinal não me lebro de ter visto cavalos estacionados em Longchamp. E olha que este hipódromo parisience é bem ajeitado... Se tivermos que colocar casinos dentro dos mesmos, melhor. Palermo que estava moribundo, já com quatro velas ao redor, renasceu e hoje tem a pujança de antes. Não dá é para sentar e esperar...
Temos que estabilizar a pedra única, uma triplice coroa apenas e um simulcasting, entre os quatro hipódromos que ainda nos restam. Isto se chama união. A união visando um bem maior: a sobrevivência de nosso turfe. Existe uma aceitação deste fato?
Não acredito que já estemos rotulados como doentes terminais. Ainda ... Como disse inspiramos cuidados especiais. Nada que não possa ser contornado. Outrossim, para que possamos contornar, temos que nos concientizar que a manga tem que ser arregassada e muito suor haverá de ser dispendido. Acompanhei atentamente a virada de mesa que a atual diretoria do Flamengo conseguiu. De maior devedor de seu mercado, passou a posição de ter em caixa, dinheiro suficiente para construir um estádio de 40,000 pessoas, sem financiamento ou estrambólicos patrocinios. Que como todos já notamos, quando saem deixam um buraco enorme na agremiação que dele usufruia. Vide Palmeiras, o próprio Corinthians, que se viram levados a segunda divisão do campeonato, e o Fluminense. lsto a seguir da perda dos patrocinios, por não terem pernas próprias.
Cristal
Temos que enrrigecer nossas pernas, já que patrocinio, o turfe nunca teve e pelo jeito dificilmente terá. Para isto temos que ter a força de vontade e não apenas sentar e esperar que as coisas venham a acontecer. por obra e o acaso do Espirito Santo.
Clamo por soluções, pois, a minha parte tenho feito. Ninguém que pela minhas mãos passou abandonou o turfe, por causa de fracassos. Todos continuaram vivos e desfrutaram dos frutos de um planejamento inteligente e eficaz. E porisso torço por eles, embora não mais existam laços profissionais. E o que se vê do outro lado? A exceção do Santa Maria de Araras, nenhum outro haras parece sobreviver no sucesso continuo. Mas é dificil, para que isto aconteça, tenha que se montar três haras em diversos países e em cada um ter centenas de éguas e duzias de garanhões.
Vamos acordar, pois, ainda temos tempo. Reverter a situação me parece simples. primeiro a união de todos - que parece ser o mais dificil de se conseguir - depois um projeto de se melhorar o que de bom há e finalmente escalar gente capaz nas posições que exigem uma melhor atenção na atividade.
Apenas sentar e esperar, nos trará inicialmente caimbras e depois a total imobilidade.
Tarumã