O assunto que vou me referir hoje, evidentemente é polemico e incita a imaginação de quem, como eu, conhece pouco de jogo, mas alguma coisa de credibilidade.
Eu estava em Paris, e o Moreira montava um cavalo do Estrela Energia. Com aquele seu jeitinho de aproveitar cada milimetro do percurso, o piloto brasileiro entrou na reta sobrando, mas sem passagem, esperou, se desesperou, e tirando para fora, leva dois com ele e quase alcança os ponteiros. Mais dez metros e fatalmente venceria.
Mas primeiramente gostaria de deixar claro que a corrida era de 2,000 metros e não de 2,010 metros. Segundo, que se você se encalacra no inicio, não adianta se desesperar. E terceiro que mesmo sendo uma atuação que seria considerada de gala na América do Sul, não o é, de maneira alguma, no turfe francês. E o nosso querido Moreira, pegou um gancho, além de perder a sua posição no placar final.
Pois bem, terminada a carreira o Moreira foi chamado para explicações. Explicou, não convenceu, e num simples detalhe nos fez entender todo o âmago da questão: eu senti que ia ganhar. A resposta do juiz foi simples: Se sentiu, deveria ter tido mais cuidado. Aqui na França, se você se encaixota no inicio não tente arrumar passagem onde ela não existe.
Para a comissão de corrida, na grande maioria dos grandes hipódromos europeus se alguém muda de linha está atrapalhando alguém. Não interessa se o prejudicado chegue na segunda colocação ou não. Ele colocou a vida de alguém em perigo, mesmo que seja por poucos segundos. Parece exagero, mas não é.
Fui alertado por um amigo e cliente que o movimento de apostas na Gávea estava caíndo. E uma das razões é que estava havendo queda de credibilidade. Não que as carreiras estivessem sendo armadas - como o foram em parte decadas atrás - mas por certas decisões da comissão de corridas. Entendo que ela deva ser soberana. Mas vejo muito jóckey cometendo faltas, que na minha opção deveriam ser punidas não apenas com a sua suspenção, mas também com a desclassificação. E digo isto, porque se alguém no afã da luta quer defender seu pupilo e faz como o Moreira um movimento fora dos padrões, só seu julgamento não me parece a única punição a ser tomada. Se o desvio de linha violento, com o nitido sentido de tirar uma vantagem, mesmo que não tenha literalmente prejudicado como dolo o adversário, merece desclassificação. E sabem porque? Porque não há como dimensionar se houve ou não dolo. As vezes parece que não, mas um cavalo simplesmente diminuiu seu ritmo ao se sentir atacado. São criaturas irracionais. E aqui não está se levando em conta um embate de coragem. E sim de velocidade.
Sei que é muito dificil se levar em consideração a premissa básica se houve dolo ou não. E como no caso do penalty, mão na bola ou bola na mão. Olha a celeuma que tem causado. Sou meio radical nisto. Saiu de linha, eu puniria e quem sabe não teriamos corridas como noamGávea, que na Europa são disputadas sem zigue zagues. Pode ser exagero meu. Talvez seja. Defendo-me afirmando que assisto corridas diárias de dezenas de hipódromos, porém é na Gavea, que mais vejo desvios de linha. Bem mais até do que Cidade Jardim.
Apenas punir o jóckey com uma suspenção, não creio ser o suficiente, mas como disse, neófito sou em muitas coisas e esta pode ser apenas mais uma.