Não seriam os chefes de raça e as matriarcas os elementos mais confiáveis em um pedigree? Não tenho dúvidas a este respeito, pois, eles foram elevados a este status, justamente por terem provado serem fontes de transmissão de classicismo. Por terem expandido suas respectivas árvores. Por aparecerem de uma forma mais constante nos pedigrees dos ganhadores de grupo. Como sempre ressalto, duplica-los evidentemente que aumenta as chances de uma melhor chance de transmissão. Mas realmente não há garantias. Aliás, no turfe nada é garantido. Nem a barbada muitas vezes é confirmada.
Você trabalha com probabilidades e tenta aumentar as suas escolhendo fisico e pedigree, dentro daquilo que considere o melhor entre suas opções. Mas estes dois pontos, estão embasados também em subjetividade. Tem gente que não aceita um cavalo pequeno, achando que ele tem menos chance de projetar-se que o grande. Ledo, engano. Tamanho, no turfe não é documento, outrossim, há de se convir que numa batalha entre grandes e pequenos, sempre existirá possibilidade de um maior número de elementos grandes, ganhar. E até agora confesso que não engoli aquela história do David com o Golias. Mas ao mesmo tempo não entendo esta obcessão em nosso mercado, quase que doentia pelos pesos dos cavalos.
Justify é grande, tem um fisico primoroso, um pedigree de primeira linha - onde se justificam as dupliacações existentes - e ainda por cima já provou que corre para burro. Onde está o erro? Não há nenhum. Outrossim, quais então seriam as suas chances de garantir a triplice coroa antes da hora? Nenhuma. Ele tem que provar que vai a distância, que tem resistência para ganhar seis corridas em 18 semanas e ainda por cima chegar na frente dos outros. Conseguirá? Acredito que sim, mas não posso garantir que o fará.
Millor Fernandes uma vez disse que aquele que não tem dúvidas é um mal informado. Eu sempre tenho dúvidas, pois, tenho perfeita noção do que é preciso fazer para chegar lá. E mesmo você achando que sabe, existem outros que naquele dia e naquela hora, provam estar melhor preparados.
A beleza do turfe consiste nesta incerteza. No desafio de enfrentar o adversário e tentar suplanta-lo. Quando você floresce e estabelece uma dominância, passa a ser o alvo. Todos querem provar que você não é tudo aquilo que falam. Frankl provou que era tudo aquilo, Zenyatta mesmo em sua derrota provou também. A história do turfe norte-americano está repleta de monstros sagrados que perderam uma corrida para um adversário considerado inferior. Upset bateu a Man O’War no Sandford de 1919. Jim Dandy derubou o triplice cooado Gallant Fox, no Travers de 1930. Onion surpreendeu o mundo quando bateu a Secretariat no Whitney de 1973. E houveram outros nomes, como Seattle Slew ao perder para Dr, Patches no Patteson Handicap de 1978, como Native Dancer que teve sua invencibilidade interrompida em 1953, no Kentucky Derby para Dark Star. Ou mesmo Rachel Alexandra que surpreendentemente fracasoou perante Persistently, no Personal Ensign de 2010. O mesmo ano que Zenyatta veio a perder a sua invencibiliade em sua derradeira carreira para Blame, na Breeder's Cuo Classic.
A derrota é dura e mesmo para os invictos ela pode pintar no momento que menos se espera. De forma angustiante, desesperadora. Espero que hoje isto não venha a acontecer em Belmont Park.