A busca pela excelência, ou melhor, a fuga consciente da mediocridade – e, portanto, da sua seleção sistemática – sempre foi o norte de quem deseja criar cavalos verdadeiramente superiores.
Ao longo do tempo, percebi algumas características recorrentes em nossos ambientes:
A) Sempre há uma desculpa pronta para tudo;
B) Quando se contrata "profissionais", muitas vezes trata-se de parentes, namorados(as), amigos, filhos de amigos... menos por mérito, mais por conveniência;
C) E, quando por sorte se contrata um profissional de verdade, o impulso imediato é ensiná-lo a trabalhar, como se o saber estivesse por aqui.
Nesse cenário, o talento perde espaço para a adulação, o silêncio é mais valorizado que a eloquência, e o conformismo reina. O mais curioso é perceber como nossa mente, muitas vezes, se esforça para esconder a verdade que está bem diante dos nossos olhos. As peças estão ali, mas nos recusamos a juntá-las.
Não estou falando da vergonha do Kentucky Derby 2024, nem da injustiça de Ken McPeek não ter sido eleito melhor treinador dos EUA em 2024. Tampouco me refiro à CBF...
Á aproximação com a Austrália veio por meio de uma busca concreta, junto com Paulo Nania, sobre o tema pastagens – mais especificamente as gramíneas bermuda, originárias da África do Sul, adaptadas na Austrália e, posteriormente, desenvolvidas nos EUA.
Naquela época, a família tinha como claro que para enfrentar nomes como Mondesir, Santa Ana, Sideral, Malurica, Rosa do Sul , Araras e outros mais era preciso avançar tanto nas pastagens quanto na genética.
O primeiro passo foi profissionalizar: contratamos gente como Beto Figueiredo, Paulo Nania , Pico, Dr. Arthuro e Fernando Garci, .Philippe Jousset e Renato Gameiro somaram força e saber aos profissionais que já atuavam há duas ou três gerações. Com eles – e graças a eles – o velho haras voltou a ser competitivo.
Tão competitivo que nenhum haras brasileiro criou uma geração superior à nascida em 1997.
A estrutura de um atleta começa pela alimentação. E, sendo o cavalo um herbívoro, essa estrutura começa pela qualidade da pastagem.
Curioso: FRANKEL não foi criado nas pastagens da Arábia Saudita, tampouco DUBAWI nasceu nos campos de Dubai. Por quê?
Assim, fugi da “seleção de ideias medíocres” e encontrei na Austrália uma fonte de renovação. Daí meu desejo de conhecer aquele país.
Por fim, sempre me mantenho como um aprendiz diário. E, para quem compartilha da curiosidade e do desejo de entender melhor o mundo do Puro-Sangue Inglês, recomendo a leitura de:
THOROUGHBRED BREEDING: Pedigree Theories and the Science of Genetics
Dr. Matthew Binns & Tony Morris
Lineu de Paula Machado